sexta-feira, 13 de novembro de 2015

A dor dissipa-se com as cores.



Perco-me no doce do tempo, nas plumas da noite, no embaraço da boca, no beijo tépido, no que fica do gemido, num único suspiro, no que fica por contar. No prazer que se estende pelo corpo e se acalma na concha da mão, no olhar que marca a mulher, na vida que foge, sem se gastar, no nada, no tudo, da beleza da palavra do pincel ao infinito.

Aladin Van-Dúnem

sábado, 24 de outubro de 2015

Tróia - 2014/2015
30*30 cm  Pastel,  acrílico sobre papel




Perfume - 1993
A4. Pastel, tinta da china, acrílico sobre papel





Mar - 1998
 A4. Guache e acrílico sobre cartão




Pouco ou nada hoje se acrescenta de novo. Um detalhe, um pormenor. Muitas técnicas e estilos se desenvolveram e longe se chegou na descoberta a nível: artístico, tecnológico. Penso que tanto uma coisa como outra se esbarra agora no frio de tudo estar previamente projectado, definido num tempo em que iluminados, artistas, pensadores, deram seu contributo para este “Admirável Mundo Novo” que tanto têm para ostentar e desfrutar, e tão pouco põe á disposição do bem comum. Assim sendo. Na minha forma de ser, coloco á frente da técnica, estilo ou belo. O conceito e a mensagem. Uma mensagem de unificação que ultrapasse tempos e sare feridas em nós, e dos que de nós não se despediram em paz. Reencontre e aproxime pessoas, desenvolva linhas, fios de sentimento. Nos traga paz e em linha a outros. O estilo é cada vez mais meu, assim como a criatividade de mim indissociável, mas é a mensagem de unificação e reencontro entre homens e o que o homem toca que pretendo passar. Esta explícita em determinado contexto nos meus trabalhos debaixo do tema: Simetria oculta do amor, da Redenção, em que começo a viajem ao Éden, jardim idílico na intenção de me resolver com nossos ancestrais  ligando alguns fios soltos há milénios atrás, percebendo onde foi parar a humanidade que leva o homem a olhar para seu irmão com a mesma indiferença que dá ao lixo, como se demonstra bem explicito no presente drama dos refugiados. Assim como noutra direcção o Furacão foca  o que de mais nocivo o homem faz á natureza, e por consequência  obtêm dela o pior como resposta. Em tons suaves, a dor dissipa-se com as cores, mas a mensagem passa e o furacão esta lá em toda a sua verberação até ao seu próximo grito caso não o escutemos.  Cor, traço, plástico, digital e tecnológico, tenho o que muitos atrás não dispunham esta incrível complexidade entre matéria, sentimentos, pessoas, podendo hoje comunicar a milhões o que de novo desponta através de toda esta interacção entre mim e vós.



quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Simetria oculta do amor Eden




Adão e Eva da Terra ao Cosmos num tempo que pinto aqui.

Desejo ter a mulher da pele ao seio. No seio agarra-la dentro de mim. Em suas mãos afagar minha dor. Sentir o arrepio no seu olhar. E da volúpia pedir um beijo e do beijo enxugar lágrimas e da lágrima contar um segredo e no segredo levar uma promessa e na promessa encher o coração e o sonho.

Aladin Van-Dúnem

quinta-feira, 9 de julho de 2015




Ligo a TV e deparo-me com um tipo a impingir um produto qualquer, diz que como cereja no topo do produto está um premio de mil euros. Não consigo entender como se gasta tanto tempo com tanto lixo. Prefiro agarrar momentos em que o tempo para, levo minha cadela a passear confiro-lhe personalidade, identidade a medida do que merece e é bem mais que muita gente. Num trato igual que ela tão bem entende, o que torna cada passeio nosso único, e cada momento exclusivo. Isto tanto para mim como para ela vale bem mais que os mil euros, ou os “N” produtos que se empilham nestes mercados perdidos no tempo de quem ainda tem  tempo a perder.

Aladin Van-Dunem

quarta-feira, 17 de junho de 2015

Terra cósmica

Vivemos em plena agitação cósmica e planetária. Tudo se abate sobre nós, um luminoso e fantástico ponto no cosmos. Está agora em combustão com nossos: medos e conceitos deformados, a partir do que entendemos como certo  e nos leva a aparente civilidade da loucura… Deslizamos sem rumo ou freio num cosmos imenso. É uma vertigem sem tempo, feita de estrelas, misturadas com guerras e gritos aqui da terra.



Deus criou. O homem reproduz. Eu observo e aprendo. Porém como tudo provém por intermédio da palavra. E a palavra é: amor. Quando produzo é em pleno acto de amor. 

Aladin Van-Dúnem

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Quem habita o céu?








O pássaro morre ao nascer o dia, morre sem pedir licença, tão pouco agradece ter sido salvo no dia anterior, toda a brevidade de sua existência tocou-me mais que perde-lo. A forma inesperada da morte prende-se a seus olhos negros, os meus contemplam o que resta de vida nele, o peso e a fragrância da vida ainda pairam em minhas mãos, faço uma oração na minha língua pura para o deixar partir. 

Aladin Van-Dúnem







terça-feira, 19 de maio de 2015

Quem habita o lago?




A areia escorrega ligeira entre dedos, aquela sensação genuína e única, presa à infância de quando nos embrulhamos na areia e não temos de justificar nossa existência a ninguém.
Escrevo entre migalhas, escrevo sempre que pressinto perder algo. 
Escuto uma sinfonia de:  Mozart e penso: as grandes obras
 fazem-nos sentir o cheiro e força do mar, a vida que se agita nos campos, as cachoeiras a perder de vista, o cipreste gigante, a tâmara e a frescura do primeiro amor. Só elas se eternizam no tempo pois permanecem subtilmente enlaçadas em nossas mais intimas emoções...
Por vezes está tudo tão desarrumado, desalinhado, que nos prendemos a qualquer fio de pensamento só para nos situarmos. Está tudo tão solto, tão despegado e distante que nos sentimos cheios de nada que nos pertença, cheios de tralha, pesados de coisas que teimamos em transportar por vezes para nada.

Aladin Van-Dúnem


segunda-feira, 4 de maio de 2015

Sentimentos




A dor fica de fora e disto gosto deste velejar sereno entre sensações e sentimentos. De sentir o poder, de me distanciar em tudo, tocar e mudar tudo.

Aladin Van-Dúnem