domingo, 27 de junho de 2021

 

Tudo reside no olhar, o corpo, as estrelas, tua alma, a luz cadente e o crepúsculo perto do horizonte, a chama que nos leva à vitória, a leveza da amizade e a entrega na paixão. Tudo oscila e se espelha pelo olhar, a voz da liberdade, o grito da raiva, o sentimento a despontar. Tudo está na metamorfose do olhar, a primavera e toda a flor, o outono pardacento das folhas. Tudo vejo e sinto de olhos abertos em ato de amor!


Aladin Van-Dúnem

sábado, 26 de junho de 2021

 

Não tenho clube, não tenho bandeira, Não transporto estandarte. Todos estes anos, transporto a magia de me agarrar ao tempo. Transporto sentimentos com e sem palavras e afetos com e sem intenção, transporto um Oceano de esperança num rio de amor. Transporto o que os outros perdem, ou deixam escapar, transporto em leveza o espírito que nos faz transbordar, a matéria escura em nosso universo e a alma das coisas especiais. O riso sem gargalhada, no tempo em que saúdo um amigo, O afago doce no calor de quem ama. A descoberta da cor entre as linhas do arco-íris e esta vontade de ser!
 
Aladin Van-Dúnem

 

Na miopia dos séculos, construimos muros e grades, escadas em espiral e maquinas de matar, na miopia da mente, matamos o espírito da vida, condicionamos a loucura dos génios e espezinhamos os atribulados. Na corrente do tempo, temos nos tornados moldáveis, premiáveis a injustiça, a ganância e a maldade, amamos em pensamento o diabo e dizemos adorar a Deus, edificamos altares a guerra e premiamos o nosso semelhante com fome. Medimos tudo na cor do preconceito. Por fim adquirimos uma crosta impermeável ao amor, uma carapaça de dragão, o olhar da serpente, o medo do sol, o gelo digital. Colocamos grilhões nos pulsos e uma lamina junto a garganta. Temos sede e desconhecemos a origem das fontes, temos fome sem habilidade de caçar, temos desejo e o resfriamos na impotência do medo. Vivemos estagnados no lodo e morremos na busca da vida. 
 
Aladin Van-Dúnem