terça-feira, 19 de maio de 2015

Quem habita o lago?




A areia escorrega ligeira entre dedos, aquela sensação genuína e única, presa à infância de quando nos embrulhamos na areia e não temos de justificar nossa existência a ninguém.
Escrevo entre migalhas, escrevo sempre que pressinto perder algo. 
Escuto uma sinfonia de:  Mozart e penso: as grandes obras
 fazem-nos sentir o cheiro e força do mar, a vida que se agita nos campos, as cachoeiras a perder de vista, o cipreste gigante, a tâmara e a frescura do primeiro amor. Só elas se eternizam no tempo pois permanecem subtilmente enlaçadas em nossas mais intimas emoções...
Por vezes está tudo tão desarrumado, desalinhado, que nos prendemos a qualquer fio de pensamento só para nos situarmos. Está tudo tão solto, tão despegado e distante que nos sentimos cheios de nada que nos pertença, cheios de tralha, pesados de coisas que teimamos em transportar por vezes para nada.

Aladin Van-Dúnem